quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O muro

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Construído por pessoas
Não por mim
Por medida
Na medida
À medida que
É construído
É criado

Um tijolo,
Um sentimento,
Uma vivência

Porque não é bom ser aprisionado
Não é bom ser cercado
Tudo é livre, tudo tem que ser
Livre

Nem todos são livres
Mas o que é ser livre?

A cada situação
A cada momento
A cada dia

Vai se envolvendo
Vai se gerando
Vai se construindo
Vai se tendo

Um tijolo,
Um sentimento,
Uma vivência

Só entra
Quem pode,
Quem interessa,
Quem quer,
Quem quiser

Só fica
Quem ama,
Quem retribui,
Quem contribui,
Quem gera

Um tijolo,
Um sentimento,
Uma vivência










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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Platonicamente, inocente

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Talvez eu goste de sofrer.
Se fosse contar quantas vezes já amei platonicamente não me restariam dedos.
O interessante é que, em cada final de relacionamento, entre eu e alguém, sempre tenho as mesmas conclusões:

não quero isso de novo,
não para mim,
sofrer sem ser correspondido e,
ao te ver bem com alguém me faz mal...

Prometo que nunca mais acontecerá.

Pena que existe a possibilidade de promessas serem quebradas,
sempre as quebro.
Por isso, cá estou, relatando mais uma de minhas aventuras, sozinho.

Emoção ou razão?

Talvez um dia essa nova pessoa,
vítima de meus sentimentos,
descubra.

Talvez eu corresponda,
talvez esteja em mais uma aventura onde só eu amo, desejo e, em grande parte, sofro.

Como em um caso de amizade pura,
entre duas pessoas,
sentar ao seu lado, a sua frente,
sem fazer absolutamente nada, e sentir o seu lado, a sua presença.
Presença sua que acalenta e materializa minha forma de tê-lo só para mim...






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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Perder? Ganhar!

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Eu não perdi.

Não fui metade, nem fui pouco,

Fui amor, amor por inteiro.

Eu não quis dizer adeus, eu quis ficar.
Entreguei-me de corpo e alma, fui intensidade, fui verdade.

Tentei mil vezes e outras mil vezes mais.
Sempre acreditei, até o último segundo.

Quem é verdadeiro nunca perde,
quem se doa nunca perde.

Perde quem não sabe lidar com o amor do outro.
Perde aquele que se afasta,
Perde aquele que afasta amores verdadeiros.

Por isso, vou com tranquilidade.

Eu não perdi, me perderam.





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segunda-feira, 21 de março de 2016

A carta

A você, meu amigo,

Saudades pelo tempo que me consome e me impede de lhe dar atenção e lhe dizer que você é um ótimo amigo!

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os!