quarta-feira, 16 de abril de 2014

A inconstância do (m)eu



é estranho, é normal
é comum, é usual
mais inconstante constantemente
melhor mudança parcialmente


Faço o que quero
Digo o que penso
Pode ser tranquilo, pode ser tenso
Duas pessoas em uma, lero lero


Viro a cabeça
Preciso entender
É uma pessoa avessa
A inconstância e o amor não vão querer


deixo acontecer mudanças
realizo mudanças
quero e não quero
no fim, há esperanças





terça-feira, 15 de abril de 2014

Tomar suco com você...


...é ainda mais divertido que ir a Ipanema, Copacabana, confeitaria Colombo, Arpoardor, Leblon
ou ter o estômago cheio de borboletas após caminhar contigo na Tijuca
em parte porque nesta camisa laranja você me parece um Malandro melhor mais feliz
em parte por causa do meu amor por você, em parte por causa do seu amor por música
em parte por causa das rosas vermelha, amarela e branca cercando o ar de nossa sala
em parte por causa do mistério que nossos sorrisos vestem diante de gente e estatuaria
é difícil de acreditar quando estou com você que pode haver algo tão imóvel
tão solene, tão desagradavelmente definitivo quanto estatuaria quando bem em frente
no ar quente das sete da noite em nosso aconchego nós vagamos em círculos um entre o outro,
bailando, dançando, rindo,
sem parar como uma árvore respirando por suas oftálmicas

e a exposição de retratos parece não ter qualquer rosto, só tinta
você de repente pergunta-se por que diabos alguém deu-se ao trabalho de fazê-los
.................................................................................eu olho
você e preferiria olhar você a todos os retratos do planeta com exceção
talvez do Auto-Retrato todo cubista com corrente de ouro de vez em quando que está em um corredor de um museu
a que graças aos céus você ainda não foi, então, podemos ir juntos pela primeira vez
e o fato de que você se move tão lindo resolve mais ou menos o Futurismo
assim como em casa eu nunca penso no Nu Descendo uma Escada ou,
num ensaio, um único desenho de Da Vinci ou Michelangelo que antes me boquiabria
e de que adianta aos Impressionistas toda a sua pesquisa
quando eles nunca conseguiam a pessoa certa para encostar-se à árvore ao pôr-do-sol
ou a propósito no quadro de Steve Walker se ele não escolheu o cavaleiro com o mesmo cuidado
.................................................................................que o cavalo

é como se eles tivessem sido fraudados em alguma experiência maravilhosa
que eu não pretendo desperdiçar o motivo pelo qual estou aqui falando tudo isso para você

mas acreditaria e seria melhor se utilizasse você
 fosse minha ânsia
minha inquietude meus seus traços
para poder mostrar-lhes
de sua silhueta








[Adaptado do poema de Frank O'Hara.]

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mutação lírica


Não sou bom com frases prontas ou textos pré formulados, gosto de faze-los a seu tempo, sem pressa, sem pressão, sem receita, sem modelo a seguir...

Sou bom com números exatos, já, aqueles desconfiados, em que se supõe que o resultado não seja aquele, eu retomo. Retorno e enfrento até pedir um cigarro e um chiclete para acalmar.

Não sou bom com morais de histórias, apesar das minhas estórias serem algo moral e ético a discutir com a sociedade.

Gosto do que me tira o fôlego, aquela angústia por mais e mais...
Uma vontade que não para.


Venero o improvável e subestimo o impossível. Almejo quase sempre o impossível.


Visto meu sonho, coloco foco por  cima, calço meus objetivos e ando com minhas metas a pé.

Tenho um ritmo que me complica. Quase sem tempo.

Uma palavra que não dorme, não relaxa, não desvia.

Quer um bom desafio? 
Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Por vezes, sou conhecido por "chato". Eu viro e me transformo no "chato" e meio. Para você.

Não coleciono inimigos. Quase nunca estou para ninguém. 

Mudo de humor conforme a lua. Afinal, sou de Gêmeos, péssima referência, porém, quando se lê a respeito, tudo se encaixa. Sustentar duas almas divergentes num corpo aderente por mudanças não é fácil, concordo. Irrito-me fácil, por outro lado, meu riso aparece constantemente.

A minha tristeza é deixada para meu eu-lírico, enquanto o meu eu-pessoa já aprendeu a sorrir. Porém, tudo se mistura ao mesmo tempo.

Se assim o sou, saiba que, também, tenho o desassossego dentro do bolso e um par de asas que nunca estão confortadas. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. Com ou sem ajuda de objetos lícitos e ilícitos - moralmente falando. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui ou ali.

Ontem, eu perdi um sonho. Hoje, acordei chorando. Amanhã, estarei sorrindo.
Um dia, quando menos me espera, eu me supero e vou formando uma identidade.

A verdade é que, nessa vida, nos transformamos e isso é um ato gradativo. Seja um pouco hoje, seja nada amanhã pela manhã. 

Muitas ideias e ideais. 

Cheguei em casa ...

... e troco minha vestimenta.

terça-feira, 8 de abril de 2014

O meu jeito


Esqueço do seu jeito e renovo minhas curvas, minhas manias, minhas ideias...
Vejo a cama amassada, você deitado e lembro da briga de ontem.


Desobedeço a pressa e me demoro criando um verso torto pra nossa história ida. Crio e recrio, mas os versos são meus para uma história que será minha e não mais nossa.

Desembaraço meus cabelos com os dedos pontiagudos do teu desprezo.
"Desrestabeleço" as regras que você criou pra não me ver e apareço nu a tua porta numa dessas madrugadas frias. E deixo você tenso quando tento, argumento, deito ao lado. Diz um não cheio de sim e deixa: me abraça todo contrariado. A vontade possui, porém fica escondida atrás dessa tua ignorância e soberba ridícula.

Fico rouco pra sussurrar no teu ouvido melodias eróticas. Por que você não me quer ainda? Preciso fazer o que? Materializar o vulgar?

Se eu danço dentro dos teus olhos e embaço tuas retinas de desejo... Espalho sorvete no seu corpo, misturo aos granulados e sorvo inteiro o líquido já arrepiado.

Sua mágoa tola respinga em mim e eu não ligo. Se é o desejo que faz minha boca macia pra você beijar... E é no suspiro do último prazer que eu me contorço inteiro em chamas azuis...

Rabisco clavas de sol com a língua no seu sexo ereto e engulo o seu ressentimento leitoso.

Você geme forte e nada diz.
E é nesse intervalo silencioso, que bebo no teu sêmen tua semântica.

Vou embora porque é de idas que é feito o amor frouxo, e é com voz flácida que é feito o adeus que eu nunca quero dizer, mas sempre digo... 

E só pra que não fiques sem resposta, já que não dizes nada, deixo o adeus pregado ali: do lado de fora da tua porta.