terça-feira, 27 de novembro de 2012

I just had an epiphany!


Poderia julgar que uma palavra com classe, gênero e número, poderia ser algo, extraordinariamente, divino. Seria muito blasée escrevê-la só por escrever. Não serei apático, indiferente; mesmo porque, só ao pronuncia-la, a dita cuja já impõe respeito. Sob a natureza de qualquer um.

Ela chega e, com orgulho, permanece. Afinal, sua manifestação pretende ser simples, mas, ao mesmo tempo, majestosa. Subitamente, ao senti-la, causa-nos uma sensação de realização. Algo compreendido da mais pura essência. Por mais natural que possa aparecer, por mais coincidência que notamos (ou não), acontece todos os minutos, a qualquer momento, a qualquer lugar. Ingênua eureca!

Sobrenatural. Natural. Começo por negar qualquer possibilidade de me afirmar poeta, posto que a minha identidade possa realmente estar nas palavras que profiro ou silencio. Porque eu sei que as pessoas não só entenderão, mas sentirão. Haja vista, você e eu bebemos na mesma fonte por termos como ofício o amor pelas/das/nas palavras. Enquanto vou escrevendo, você, caro leitor, vai se deleitando das palavras como poetas livres a ‘passarinhar’ de liberdade e de prazer num universo infinito de vivências, levado pela sedução do momento.

Movimento retardado, paradoxal: construímos mais computadores para armazenar mais informações para produzir mais cópias do que nunca, mas temos menos comunicação. Tivemos avanços na quantidade, mas não em qualidade. Era de informações, não era?

Estes são tempos de refeições rápidas e digestão lenta; de homens altos e caráter baixo; lucros expressivos, mas relacionamentos rasos. Estes são tempos em que se almeja paz mundial, mas perdura a guerra nos lares; temos mais lazer, mas menos diversão; maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição. O ‘muito’ levado a ‘nada’. São dias de duas fontes de renda, mas de mais divórcios; de residências mais belas, mas lares quebrados. São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável, "ficadas" de uma só noite, encontros e desencontros, corpos acima do peso, e pílulas que fazem de tudo: alegrar, aquietar, matar. Mascarar. É um tempo em que há muito na vitrine e nada no estoque; um tempo em que a tecnologia pode levar-lhe estas palavras e você pode escolher entre fazer alguma diferença, ou simplesmente apertar a tecla DEL.

Não há acaso quando todos os caminhos convergem para o mesmo ponto em nome da arte; assim como não há fronteiras quando a literatura serve de passaporte para transcender os mais longínquos lugares que só a arte pode indicar. Meus momentos de epifania que fazem eu filosofar está ligada diretamente a minha melancolia. Pois, daí, divido-me e, aos poucos vou me reconstruindo e ‘faxinando’ os montes do passado deixados de lado e guardados no mais profundo baú das memórias. Música que me tira deste mundo, leva para os mais aguçados e instigantes pensamentos. É o que entorpece meus sentidos, é o que desperta minha raiva ou simplesmente me abraça. É o que, quando me calo, fala por mim. Sou eu. É o que me faz suportar o nada e, ao mesmo tempo, tudo.

A vida com (meu) S...

Aprendi que com S posso escrever Sabedoria,

Sonhador, Sorrisos, Sensato, Sagaz,
Super, Silencioso, Seguro, Sábio,
Sereno, Saudável, São, Sorrateiro,
Sensível, Sensitivo, Serelepe,

Simulacro, Simulador,
Sintonia, Sinfonia,
Sem-querer,

Sem tuas escoras,
Sem o teu domínio,
Sem tuas esporas,

Sem o teu fantasma,
Sem tua moldura,
Sem o teu fascínio,


Começar de novo ....
Aprendi a curtir: muita sombra e água fresca.


Também, aprendi a escrever:
solidão, ilusão, medo,
criação, tentação, dedicação,
Falação, decoração, meditação,
Perdão, imaginação, coração

Tantas, coisas tantas
Tantas coisas, tantas

Aprendi
Sobre ser sempre, Sergio Luiz!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Intensa Verdade

Eu sei que vou te esquecer,
Por mais que eu negue isso
Eu sei que você queria isso
Por uma despedida amigável
Eu sei que, um dia, acabaria assim
Um dia,
o tempo se encarregaria de ocultar o próprio tempo
o momento se tornar em vão
Mas, ainda assim,
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida.

Em cada despedida
Em cada travessa
Em cada cruzamento
Em cada esquina

Você não me ensinou a te esquecer
O seu convívio foi constante
o toque foi intenso
Procuro não pensar mas sempre sonho com você
Seu beijo, seu perfume, sua pele a me tocar
Prefiro não lembrar mas não consigo esquecer
Aquele seu sorriso e tanto amor no seu olhar
Você só me ensinou a te querer
Desejar-te cada vez mais
Sonhar além do horizonte
entre o real e o surreal
E te querendo
eu vou tentando te encontrar

Em cada despedida
Em cada travessa
Em cada cruzamento
Em cada esquina

Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
seus beijos, seus desejos,
Libertinagem
Perdido no vazio de outros passos
Perdido na moléstia desse epiceno
Dessa devassidão
Do abismo em que você se retirou
E me atirou
e me deixou aqui sozinho

O amor deixa marcas que não dá pra apagar
Nesse desespero em que me vejo
Cabeça doida, coração na mão
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo...

Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra para te dizer
Desesperadamente, agora, que faço eu da vida sem você?

E cada verso meu será
Prá te dizer
o que sempre quis dizer
que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida.

Em cada despedida
Em cada travessa
Em cada cruzamento
Em cada esquina

Eu sei que haverá um ponto
Um momento
em que dois destinos sempre se (re)encontram.
Eu sei que chorei
A cada tua ausência
eu vou chorar
Porém, cada volta
cada retorno teu há de apagar
O que esta ausência
esta falta tua me causou
e me causa
A alma do homem é fraca
O corpo está frio
os sentimentos adormecidos
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
a queda de outros braços adormecidos em meu pescoço
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Rabisco riscos!


Rir é correr risco de parecer tolo. Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Estender a mão é correr o risco de se envolver. Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu. Sua identidade. Defender seus sonhos e ideais, diante da multidão, é correr o risco de perder as pessoas. Amar é correr o risco de não ser correspondido. Viver é correr o risco de morrer. Confiar é correr o risco de se decepcionar. Conseguir é correr o risco de fracassar. Mas, os riscos devem ser corridos, tomados, apurados, contabilizados. Porque o maior perigo é não arriscar. Possuir nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco. Não fazem nada, não têm nada e são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é livre. Ou, um aventureiro.

Às vezes, um sorriso falso pode ser um consolo para nós mesmos. Às vezes, não damos valor aos amigos, aos familiares, as pessoas que amamos, mas quando perdemos, vemos o quanto eles fazem falta. Saudade. Ah! A saudade.
Ela dói tanto que às vezes queremos tirar alguém dos nossos pensamentos para ficarmos bem. A solidão pode ser o melhor remédio ou a pior droga, depende do momento. Chorar é como tirar um peso da consciência com as mãos. É criar nos olhos o suor de uma emoção passada e que, talvez, há esperanças de acontecer novamente. Ou, pode nos render simplesmente mais dor de cabeça ainda.
Bom mesmo é amar, sorrir, cantar, viver como se não houvesse o amanhã. É andar por aí de cabeça erguida, ser você mesmo. Amar os amigos, fazê-los bem, para que você se sinta bem também.


Afinal, viver é correr riscos, sem ter a noção de que estes estão ali, a espreita. Porque se preocupar é correr o risco de não tentar.

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Desapego


Soltar.

Entregar. Deixar ir. Deixar partir.


Viajante.
Nômade. Turista.


Fluir.
Viver no presente.
Sem o peso do passado,
Sem expectativas para o futuro.



Saber de nossa finitude.
Saber que somos passageiros.



Sem posses.
Sem medos.
Sem culpas.


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

À Justiça do Povo


A Justiça está inovando a realidade e, os sonhos.
 
Haja visto e comentado pelos meios transmissores de notícias e informações, a peripécia desenrolada do “famoso” caso Mensalão vem ocorrendo e sendo comentado por tods. Não pude deixar essa oportunidade passar e comentar a respeito. Não era de se esperar que qualquer absolvição fosse feita, mas o povo – injustiçado, em geral – ficou boquiaberto ao ver seus representantes – governantes, democraticamente, eleitos (?) – serem cassados, condenados e, futuramente, presos (assim esperamos!) por uma Constituição, que, apesar de jovem, vinha sendo traduzida ou erroneamente proferida a favor do igualmente a ela formulada.

Nunca, até então, fora visto um caso de um político condenado por corrupção, por roubar dinheiro público. O que já fora visto foi a cassação do mandato, mudança de partido, saída do gabinete ou do cargo público para, justamente, não terem seus direitos retidos ou retirados. Afinal, estamos falando dos injustiçados do “colarinho branco” e todos os seus derivados. Há de ser relevante o que postei no poste anterior a este sobre o princípio da isonomia.

A surpresa permanece quando nenhum condenado terá cela especial. Isso será para todos os condenados. Todos os “mensaleiros” (já criaram profissão para isso!) condenados vão mesmo ver o “sol nascer quadrado”, em cela comum! As mesmas frequentadas e utilizadas por assaltantes, ladrões, homicidas, estupradores, criminosos de todas as espécies e tipos; na cadeia, finalmente, deverão se igualar aos demais mortais.

Não é exagerada a pena aos corruptos. Ainda é pouco se comparada e levada em conta o tamanho do rombo nos cofres públicos. Afinal, graças à corrupção, escolas não funcionam, a segurança é precária, as estradas andam mal, a saúde padece, o corrupto passaria de simples larápio a homicida indireto. Se roubou verba da saúde, muitos morreram sem leitos, sem atendimento qualificado; se a verba é da infraestrutura, milhares teriam sido vítimas de estradas sem manutenção, sem placas, sem recapeamento, sem pavimentação; se o dinheiro foi da segurança pública, vai faltar policiamento e morreremos e seremos vítimas da violência generalizada. Corrupto, não se enganem, é o mal-feitor geral da nação. Dos males, é o pior.

A injustiça, num lugar qualquer, é uma ameaça à justiça em todo o lugar




A famosa premissa da isonomia ou princípio da igualdade, defendida e requerida pela Constituição, de que “todos são iguais perante a lei”, independentemente da riqueza ou dos prestígios conseguidos ou herdados por alguém ou grupo social determinado, era uma utopia, pois, as efetivas desigualdades, de várias categorias, existentes e eventualmente estabelecidas por lei, entre os vários seres humanos e no seu convívio, desafiam a inteligência dos juristas a determinar os conceitos de "iguais" e "iguais perante a lei". 


Cabe aqui, ainda, a lembrança de que o significado válido dos princípios é variável no tempo e espaço, histórica e culturalmente. E como bem ensina David Schnaid, o hermeneuta deverá interpretar a norma, ou seja, primeiro, ele deverá penetrar no íntimo da norma visando a sua exata compreensão, para dela, extrair todas suas virtualidades e depois revelar o sentido apropriado para a vida real, e conducente a uma decisão reta. A interpretação da norma nos adverte de que "deve ser o Direito interpretado inteligentemente, não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreve inconveniências, vá a ter conclusões inconsistentes ou impossíveis". 


No Direito, tal princípio assumiria um caráter de dupla aplicação, qual seja: uma teórica, com a finalidade de repulsar privilégios injustificados; e outra prática, ajudando na diminuição dos efeitos decorrentes das desigualdades evidenciadas diante do caso concreto. Assim, tal princípio constitucional se constitui na ponte entre o Direito e a realidade que lhe é subjacente. 


A instauração da igualdade material é um princípio programático, contido em nosso Direito Constitucional, o qual se manifesta através de numerosas normas constitucionais positivas, que em princípio, são dotadas de todas as suas características formais. 


Observa-se que a Constituição Federal vigente, em vários enunciados, preconiza o nivelamento das desigualdades materiais, entretanto, a observação das desigualdades socioeconômicas, no mundo fático, nos mostram que o princípio constitucional e as normas, que procuram diminuir as desigualdades materiais, são impunemente desrespeitadas. Portanto, os preceitos que visam estabelecer a igualdade material, primam pela inefetividade ou ineficácia; e como exemplo, podemos citar as leis que, nos últimos anos, têm estipulado os salários mínimos, que desrespeitam o preceituado no art. 7º, IV da CF/88. 


De acordo com o professor Ingo Wolfgang Sarlet, o princípio da igualdade "encontra-se diretamente ancorado na dignidade da pessoa humana, não sendo por outro motivo que a Declaração Universal da ONU consagrou que todos os seres humanos são iguais em dignidade e direitos. Assim, constitui pressuposto essencial para o respeito da dignidade da pessoa humana a garantia da isonomia de todos os seres humanos, que, portanto, não podem ser submetidos a tratamento discriminatório e arbitrário, razão pela qual não podem ser toleradas a escravidão, a discriminação racial, perseguições por motivo de religião, sexo, enfim, toda e qualquer ofensa ao princípio isonômico na sua dupla dimensão formal e material". 


A conceituação de tal princípio tem conteúdo historicamente variável. A doutrina tradicional, sintetizando, preconizou que o conteúdo de tal preceito seria o de dar tratamento diverso para pessoas desiguais; entretanto, não precisou ou esclareceu em que circunstâncias e em que medida seria constitucionalmente admissível que a lei desigualasse. Para o ilustre autor espanhol Fernando Rey Martinez, "a ideia de igualdade serve para determinar, razoavelmente e não arbitrariamente, que grau de desigualdade jurídica de trato entre dois ou mais sujeitos é tolerável. A igualdade é um critério que mede o grau de desigualdade juridicamente admissível". 


Acredita-se que a doutrina tradicional tem um posicionamento que é praticamente igual a máxima de Aristóteles, para o qual o princípio da igualdade consistiria em "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam". 


Essa posição certamente deveria de ter como princípio norteador da sua hermenêutica a instauração de uma igualdade material, pois, caso contrário, não teria conteúdo sustentável. 


Vale, aqui, trazer a colação a frase de João Mangabeira, segundo o qual "a igualdade perante a lei não basta para resolver as contradições criadas pela produção capitalista. O essencial é igual oportunidade para a consecução dos objetivos da pessoa humana. E para igual oportunidade é preciso igual condição. Igual oportunidade e igual condição entre homens desiguais pela capacidade pessoal de ação e direção. Porque a igualdade social não importa nem pressupõe um nivelamento entre homens naturalmente desiguais. O que Lea estabelece é a supressão das desigualdades artificiais criadas pelos privilégios da riqueza, numa sociedade em que o trabalho é social, e consequentemente social a produção, mas o lucro é individual e pertence exclusivamente a alguns". 


Então, uma forma correta de se aplicar a igualdade seria tomar por ponto de partida a desigualdade. Depois, diante da desigualdade, entre os destinatários da norma, impor-se-ia promover uma certa igualização. 


O ilustre Kelsen já lecionava de que "a igualdade dos indivíduos sujeitos a ordem pública, garantida pela Constituição, não significa que aqueles devem ser tratados por forma igual nas normas legisladas com fundamento na Constituição, especialmente nas leis. Não pode ser uma tal igualdade aquela que se tem em vista, pois seria absurdo impor os mesmos deveres e conferir os mesmos direitos a todos os indivíduos sem fazer quaisquer distinções, por exemplo, entre crianças e adultos, sãos de espírito e doentes mentais, homens e mulheres". 


Contudo, Kelsen não deixou explicitado a possibilidade de que o princípio da igualdade se aplicasse essencialmente no momento da elaboração da lei, apresentando-se como algo lógico e coerente. Entretanto, a sua colocação nospermite ver que é absurdo supor que seja inconstitucionalmente vedado a lei discriminar. Pois, "as leis nada mais fazem senão discriminar". E, como o próprio monumento da Justiça nos mostra: a comodidade é como a cegueira e anemia do sucesso, nos impedem de visualizar o futuro e nos retira a força de prosperar. 


Fonte: Revista jurídica, Marcelo da Silva.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Desejar-te!


No brilho dos seus olhos, eu não quero tudo de uma vez, eu só tenho um simples desejo.


É fazer, é sentir, é chorar, é sorrir com você.
Pra viver e pra ver não é preciso muito atenção, a lição está em cada gesto; está no mar, está no ar.



É muito mais que falar, é muito mais que sentir.

É muito mais que brigar; é muito mais que dar prazer.


Amar de verdade é morrer de saudade ao sentir o perfume.
Ao sentir sua falta é criar momentos, imaginar o futuro, desesperar-se com o silêncio e se amendrontar com a posse. Ao sentir sua falta é saber controlar o ciúme.



"E esta ânsia de viver que nada acalma
é a chama da tua alma a esbrasear
as apagadas cinzas da minha alma"
(Florbela Espanca).


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"Les Amants" e o prazer de amar


Caso é o que aconteceu, acontece e o que pode acontecer.
Descaso não é o cuidado, não é a dedicação, não é o interesse, não é a precaução.

 

Caso é a conjugação do verbo casar na primeira pessoa do TEMPO PRESENTE do modo que exprime e expressa um fato, uma certeza.
Descaso é desleixo, menosprezo, falta de atenções.

 

Caso é ato, sucesso, estimação, apreço.
Descaso é incúria, falta de aplicação, falta de diligência.

 

Caso é variação de substantivos e adjetivos, é estar envolvido, é zelo, com relação ao seu emprego na proposição de estar junto.
Descaso é um gerúndio impulsivo, é quando tudo acabou e não houve sobra, ou até houve, mas não aquela que queria.

 

Caso é a estimação de uma vida, conjuntura de sonhos, o futuro do “dois” se tornar “um”, algo para sentir o que começo de amar.
Descaso é pressa, algo espontâneo, com fim já predeterminado, algo para só sentir prazer.

 

Caso é recíproco, difícil de achar, é a probabilidade, é o SE.
Descaso é algo forçado, desrespeito com o outro.

 

Caso é “caso de força maior”, “fazer caso de”, “em todo o caso”.
Descaso é ímpar, é o promíscuo, é descombinar, é desunir, é apostar.

 

Caso é sempre.
Descaso é às vezes e, talvez, nunca.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Onde devaneios não têm vez...


No final de semana passado, nos dias 03 e 04 de novembro de 2012, pude presenciar e conviver com histórias ímpares a normalidade de minha vida. Conviver com pessoas que, dia após dia, tem um grande desafio: aceitar seus limites sem jamais desacreditar na sua capacidade de superação.

Como chefe de sala, tive que ajeitar a sala para a realização de uma prova que o governo sancionou para a entrada de estudantes em instituições de ensino superior  federal. Minha sala, 1D, localizada em uma escola no bairro Ribeirânea, em Ribeirão Preto/SP, era composta por onze candidatos. Candidatos que fariam a prova em dois dias. Confiantes de seu conhecimento, seriam testados a fim de tomarem um posto no futuro promissor que auferiram em vidas passadas, seja por melhores condições, seja por colocações melhores, seja, apenas, para mudar a sua realidade. A tal sala era distante das demais, localizada no primeiro piso, logo após um anfiteatro. Onze lugares apenas entrariam na disputa por vagas em cursos distintos. Eram especiais, no sentido de apresentarem por direito mais uma hora, tempo adicional, para realizar a prova. A sala apresentava candidatos que possuíam dificuldades motoras, neurológicos, psicológicos e pedagógicos. Às 13 horas, começava a prova.

Casos particulares. Como ser imparcial com esses casos? A regra falava que não era para manter contato, mas para ser educado e apresentar polidez. Ímpossível e redundante. Uma vez próximo com outro ser humano, você já tem um contato, não diria íntimo, mas a convivência por dois dias bastaria que mantivéssemos uma concordância de amizade e respeito. De uma forma ou de outra, acabei me envolvendo: decorei e acabei conhecendo cada nome e cada estória por detrás de uma lista de nomes grandes, estranhos e criativos. Que incrível!

Uma senhora, com pouco mais de cinquenta graças alcançadas, já fora, praticamente, advogada, servidora pública, técnica em enfermagem e, naqueles dias, estava tentando pedagogia. O que mais ela queria? E a cada caminhada, observava sua expressão de domínio na hora de realizar a prova. Sorria. Pensava. Marcava. Ela me parou duas vezes, não foi para perguntar, mas para oferecer. Diante de sua sacola, cheia de guloseimas e alimentos para saciar sua fome de conhecimento, ela me ofereceu um pouco. Recusei. Logo após, solicitou para que eu oferecesse a uma “adversária”, logo ali, dentro da sala, pois, esta não havia almoçado. Isso mexeu comigo, mexeu meus sentimentos. Deveria quebrar a regra? Ser imparcial? Oferecer ajuda? Ser racional ao invés de ser movido pela emoção? Se ambas estivessem concorrendo ao mesmo curso ou a mesma instituição, ambas ganhariam o primeiro lugar. Guerreiras. Lutam sempre e nunca desistem.



Um conto dizia que os Guerreiros não se ajudam, não tem compaixão por ninguém. Para ele, ter compaixão significa que você desejava que o outro fosse como você, e você o ajuda só para isso. A coisa mais difícil do mundo é um Guerreiro deixar os outros em paz. A impecabilidade do Guerreiro é deixar os outros como são, e apoiá-los no que forem. Isso significa, naturalmente, que você confia que, também, eles sejam Guerreiros impecáveis.

 
 
Releguei a regra. Não é de minha natureza, mas as mesmas emoções que me movem, formam a minha identidade, o meu eu. Tento trabalhar conjuntamente a mente e o coração, mesmo que um saia ferido e o outro vitorioso, no final, o resultado é que o mérito não está na ação e sim no hábito.

A outra levou um susto ao me ver oferecendo uma sacola de biscoitos. Não pensou duas vezes. Além disso, teve a audácia de pegar mais de um. Sorri. Imaginava o quanto seria difícil pensar com fome ou ter fome e fazer força para pensar. Sorri novamente e disse: “querendo mais é só me falar”. Um “muito obrigado” já foi o suficiente para ganhar meu dia.

Em caminhadas e voltas dentro da sala, percebia o esforço e a calma que faziam as resoluções da prova. Ao lado da mesa do “professor”, estava um menino, com seus 17 anos, suas movimentações eram lentas, devagar. Sua fala baixa e lenta. Desesperei-me por ele a fim de me oferecer para fazer as coisas para ele, quem sabe, passar as respostas para o gabarito. No entanto, me contive. Esperei. Às vezes, ele apontava e, por súbito, eu interpretava seus pensamentos e desejos e os realizava. Não trouxera a caneta esferográfica preta solicitada no edital. Peguei e ofereci a minha, a qual fora emprestada pela coordenadora. Estava sempre atento a qualquer barulho, a qualquer movimentação. Pediu para encher sua garrafa de água duas vezes. E surpreendeu a mim e ao fiscal ajudante que me acompanhava. Em seu tempo, executou toda a prova e não esperou que o tempo fosse mais rápido, terminou antes da duração acabar.

Tantas similaridades, ao mesmo tempo, tantas diferenças. Eu estava sempre atento a qualquer barulho, ruído, movimentação. Perguntaram-me se a redação exigia título, confirmei dissimuladamente. Sempre pedia para assinarem as tantas folhas “burocráticas” da confirmação de presença. A prova acabara às 18 horas e 30 minutos, no domingo. O espaço, antes tomado por ricas estórias de superação, esforço e sensatez, estava novamente vazio, quieto, desnudo, voltara ser frio e insensível às adversidades de quem sempre o compõe.

Apesar de ser contra essa ditadura de realizar prova para testar algo imensurável e inigualável, fui parte do sistema das “provas maçantes”; ainda, pecamos no sentido de matutar e ensinar padrões passados e antiquados, sem valor e, às vezes, paradoxal, frente às constantes inovações e mudanças de paradigmas em um mundo “globalizado”.
 
 
 

Contudo, dessa vez, não pensei no complexo. Só pensava como tudo voltaria ao que era antes. Normalidade? Sem mais preocupações por causa de uma prova, mas, novas ou as mesmas preocupações diante da vida. A vida de cada uma daquelas pessoas mudaria, ontem, hoje, ou amanhã. Não importa o período do tempo. Importa que elas tentaram e fizeram algo para mudar. Talvez, (re)começaram uma nova jornada. O fato não está no resultado que alcançarão, porém, sim, na atitude de darem um primeiro passo. Simplesmente, tentar. Tentaram. É isso que me move, lhe(s) move(m), move o mundo. A superação é sentida pela força interior. As perguntas movem sonhos, os sonhos movem caminhos.

Só que há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.

 

 

“Todos os dias eu morro. E junto comigo morrem também os meus esforços, minhas tentativas, meus fracassos e até as minhas vitórias. Felicidade é saber que em cada amanhecer eu torno a viver, e sempre posso ser melhor do que eu fui antes.”

(Augusto dos Anjos)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Quanto vale uma verdade?



 
Hoje, muitos investidores pagariam muito para obter uma informação verdadeira das próximas metas e tomadas de decisões de empresas as quais ele está investindo. Muito administradores não pensariam muito para ter uma "bola de cristal" para terem certeza de suas ações e, de certa forma, auferirem um cargo superior ao que estão hoje com tomadas de decisão certas.
 
Apesar de ser privilégio de alguns obterem tais verdades, nesse ramo, é crime e acarreta punição diante de leis específicas caso comprovado envolvimento do atuante em informações privilegiadas.
 
Tudo é tão importante e sensível quanto a verdade é dita e sentida. Digo sentida, porque a verdade que fere é pior que a mentira que consola.
E, afinal, o que é uma mentira?
 
É só a verdade mascarada.