segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um olhar diferente


Como poderia começar desejando um Feliz Natal diferente?
Poderia começar desejando palavras bonitas, belas e de vocabulário esdrúxulo, extravagante, que fariam todos se encantarem. Poderia usar Victor Hugo, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, entre outros, para poder me ajudar a desejar um espírito natalino de muitos sentimentos, certezas e emoções e, de poucas perguntas, medos e incertezas.
Poderia usar poemas e frases, mas não enfio mais poesia em situações onde o protagonista não sou eu e o coadjuvante não consegue ser lírico. Poderia desejar que se apaixone e ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que esquecendo, não guarde mágoa. Poderia, ainda, já desejando, que tenha amigos e inimigos, muitos e poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas; e que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo. Poderia pedir para render-se, como um dia, eu me rendi. Mergulhar no que você não conhece como eu já mergulhei. Não se preocupar em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho. Que a esperança não murche; ela não cansa, também, como ela, não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança. Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor pra recomeçar; e se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a lhe desejar. Afinal, para falar de um acontecimento futuro em relação a outro, já ocorrido, não tenho mais o que falar. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.

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