É
interessante observar as posições e ações das pessoas com as quais já
convivemos ou estamos convivendo. As ações são imediatas, acontecem pelas leis
da física e química, instantaneamente. E ficam certamente decididas: ou são
realizadas, ou não são. É a certeza, porque, uma vez executada tal ação – seja palavra
falada, seja atitude tomada –, já o fez. Lógico, temos condições de
aperfeiçoa-la, dependendo do ponto de vista, intensificando-a e/ou contornando
a situação. O interesse por detrás é constantemente percebido e assimilado,
querer protagoniza-lo é a decisão do autor e das intenções.
Porém, o
ponto a ser levantado, remete-nos a simples ciência da ação: a execução. Não
existe a meia ação. Ou o quase, meio(a), metade. Talvez.
A pior
convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. O “quase”
não só me incomoda, como, também, incomoda muita gente: Luís Fernando
Veríssimo, Sarah Westphal, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, entre outros
grandes nomes que descreveram e tentaram explicar sobre o “dito cujo”.
Quem quase
ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo,
quem quase amou não amou. Viver cheio de possibilidades é viver na indecisão,
na incerteza, na utopia de um mundo (de fantasias) em que, normalmente, o “querer”
e “poder” podem vir dissociados; e, resta-nos o trabalho árduo para adequar os
objetivos pessoais e profissionais ao mundo imaginado e auferido. Basta pensar
nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por
medo, nas ideias que nunca saíram ou sairão do papel.
É um
paradoxo: por mais que se vive, tentando realizar por completo as satisfações e
vontades, às vezes, sendo egoístas, audaciosos e insensíveis ao sentimento
alheio; as pessoas ainda tendem a escolher uma vida morna. As pessoas estão
fadadas ao sofrimento de entender suas situações, de esperar e nada fazerem, e,
mesmo assim, deixar com que a vida as leve. Sobra covardia e falta coragem até
para ser feliz. A resposta a tudo isso é estampada na frieza dos sorrisos; na
frouxidão dos abraços; na indiferença do “Bom Dia”, quase que sussurrados. A
paixão queima. O amor enlouquece. O desejo trai. Tentar, tentar, tentar.
O nada não
ilumina, não ajuda, não inspira, não aflige nem acalma; monotonia apenas amplia
o vazio que cada um traz de si. As decisões são ímpares e sair da ‘zona de
conforto’ é um escape que nos inova. O pensamento, o cabelo, as roupas, as
atitudes, a identidade.
Se a virtude
estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados,
as árvores secas como nos invernos de Nova Iorque e o arco íris estivesse em
tons de cinza. Não é que fé mova montanhas, a persistência é relevante até para
as coisas que não podem ser mudadas, pois, a partir daí, resta-nos paciência e
tolerância.
Oferecer
conselhos é o mesmo que repaginar o passado e, remedia-los a outrem diante de
problemas encontrados e soluções rasuradas. Creio que quase sempre é preciso um
golpe de loucura para se construir um destino. Quase sempre a maior ou menor
felicidade depende do grau de decisão de ser feliz. Afinal, eu quase que nada
não sei. Mas, desconfio de muita coisa.
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