quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Meus pêsames, coração!

Poderia começar escrevendo um conto feliz,
Mascarar os últimos acontecimentos,
Ser mentiroso comigo mesmo

Poderia começar falando das rosas do jardim,
Poderia começar recitando Fernando Pessoa num dia pacato como hoje,
Poderia começar a ditar as frases mais belas de superação que uma pessoa especial diria para dificuldades tolas como essa

Poderia, mas, não consigo
Não consigo, porque, antes de falar, escrever, recitar, ditar, eu preciso andar e começar a colher
Colher os pedaços soltos de um coração partido



O amor é o veneno da realidade
Veneno que camufla e faz doer internamente
a se confundir com um ataque cardíaco...

Preciso receber socos para que possa voltar a ficar são
Preciso receber tapas para que a embriaguez amorosa se esvai e se dissipa
Preciso receber empurrões para que eu caia e consiga me levantar depois



Estar sozinho
É a solução que tenho que admitir, não é o por quê eu quero,
Mas, a tentativa de ainda tomar seus pedidos para mim, como se eu o estivesse satisfazendo...

Abrir mão de um futuro planejado, de uma casa feita, de móveis e decorações colocados, de promessas trocadas, de uma intimidade invadida, de um olhar profundo, de um toque dos seus dedos sobre mim...
A minha solução, diante disso: recomeçar!


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