segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um olhar diferente


Como poderia começar desejando um Feliz Natal diferente?
Poderia começar desejando palavras bonitas, belas e de vocabulário esdrúxulo, extravagante, que fariam todos se encantarem. Poderia usar Victor Hugo, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, entre outros, para poder me ajudar a desejar um espírito natalino de muitos sentimentos, certezas e emoções e, de poucas perguntas, medos e incertezas.
Poderia usar poemas e frases, mas não enfio mais poesia em situações onde o protagonista não sou eu e o coadjuvante não consegue ser lírico. Poderia desejar que se apaixone e ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que esquecendo, não guarde mágoa. Poderia, ainda, já desejando, que tenha amigos e inimigos, muitos e poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas; e que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo. Poderia pedir para render-se, como um dia, eu me rendi. Mergulhar no que você não conhece como eu já mergulhei. Não se preocupar em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho. Que a esperança não murche; ela não cansa, também, como ela, não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança. Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor pra recomeçar; e se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a lhe desejar. Afinal, para falar de um acontecimento futuro em relação a outro, já ocorrido, não tenho mais o que falar. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Incerteza do Engano



É interessante observar as posições e ações das pessoas com as quais já convivemos ou estamos convivendo. As ações são imediatas, acontecem pelas leis da física e química, instantaneamente. E ficam certamente decididas: ou são realizadas, ou não são. É a certeza, porque, uma vez executada tal ação – seja palavra falada, seja atitude tomada –, já o fez. Lógico, temos condições de aperfeiçoa-la, dependendo do ponto de vista, intensificando-a e/ou contornando a situação. O interesse por detrás é constantemente percebido e assimilado, querer protagoniza-lo é a decisão do autor e das intenções.

Porém, o ponto a ser levantado, remete-nos a simples ciência da ação: a execução. Não existe a meia ação. Ou o quase, meio(a), metade. Talvez.

A pior convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. O “quase” não só me incomoda, como, também, incomoda muita gente: Luís Fernando Veríssimo, Sarah Westphal, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, entre outros grandes nomes que descreveram e tentaram explicar sobre o “dito cujo”.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Viver cheio de possibilidades é viver na indecisão, na incerteza, na utopia de um mundo (de fantasias) em que, normalmente, o “querer” e “poder” podem vir dissociados; e, resta-nos o trabalho árduo para adequar os objetivos pessoais e profissionais ao mundo imaginado e auferido. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca saíram ou sairão do papel.

É um paradoxo: por mais que se vive, tentando realizar por completo as satisfações e vontades, às vezes, sendo egoístas, audaciosos e insensíveis ao sentimento alheio; as pessoas ainda tendem a escolher uma vida morna. As pessoas estão fadadas ao sofrimento de entender suas situações, de esperar e nada fazerem, e, mesmo assim, deixar com que a vida as leve. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A resposta a tudo isso é estampada na frieza dos sorrisos; na frouxidão dos abraços; na indiferença do “Bom Dia”, quase que sussurrados. A paixão queima. O amor enlouquece. O desejo trai. Tentar, tentar, tentar.

O nada não ilumina, não ajuda, não inspira, não aflige nem acalma; monotonia apenas amplia o vazio que cada um traz de si. As decisões são ímpares e sair da ‘zona de conforto’ é um escape que nos inova. O pensamento, o cabelo, as roupas, as atitudes, a identidade.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados, as árvores secas como nos invernos de Nova Iorque e o arco íris estivesse em tons de cinza. Não é que fé mova montanhas, a persistência é relevante até para as coisas que não podem ser mudadas, pois, a partir daí, resta-nos paciência e tolerância.

Oferecer conselhos é o mesmo que repaginar o passado e, remedia-los a outrem diante de problemas encontrados e soluções rasuradas. Creio que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino. Quase sempre a maior ou menor felicidade depende do grau de decisão de ser feliz. Afinal, eu quase que nada não sei. Mas, desconfio de muita coisa.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

I just had an epiphany!


Poderia julgar que uma palavra com classe, gênero e número, poderia ser algo, extraordinariamente, divino. Seria muito blasée escrevê-la só por escrever. Não serei apático, indiferente; mesmo porque, só ao pronuncia-la, a dita cuja já impõe respeito. Sob a natureza de qualquer um.

Ela chega e, com orgulho, permanece. Afinal, sua manifestação pretende ser simples, mas, ao mesmo tempo, majestosa. Subitamente, ao senti-la, causa-nos uma sensação de realização. Algo compreendido da mais pura essência. Por mais natural que possa aparecer, por mais coincidência que notamos (ou não), acontece todos os minutos, a qualquer momento, a qualquer lugar. Ingênua eureca!

Sobrenatural. Natural. Começo por negar qualquer possibilidade de me afirmar poeta, posto que a minha identidade possa realmente estar nas palavras que profiro ou silencio. Porque eu sei que as pessoas não só entenderão, mas sentirão. Haja vista, você e eu bebemos na mesma fonte por termos como ofício o amor pelas/das/nas palavras. Enquanto vou escrevendo, você, caro leitor, vai se deleitando das palavras como poetas livres a ‘passarinhar’ de liberdade e de prazer num universo infinito de vivências, levado pela sedução do momento.

Movimento retardado, paradoxal: construímos mais computadores para armazenar mais informações para produzir mais cópias do que nunca, mas temos menos comunicação. Tivemos avanços na quantidade, mas não em qualidade. Era de informações, não era?

Estes são tempos de refeições rápidas e digestão lenta; de homens altos e caráter baixo; lucros expressivos, mas relacionamentos rasos. Estes são tempos em que se almeja paz mundial, mas perdura a guerra nos lares; temos mais lazer, mas menos diversão; maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição. O ‘muito’ levado a ‘nada’. São dias de duas fontes de renda, mas de mais divórcios; de residências mais belas, mas lares quebrados. São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável, "ficadas" de uma só noite, encontros e desencontros, corpos acima do peso, e pílulas que fazem de tudo: alegrar, aquietar, matar. Mascarar. É um tempo em que há muito na vitrine e nada no estoque; um tempo em que a tecnologia pode levar-lhe estas palavras e você pode escolher entre fazer alguma diferença, ou simplesmente apertar a tecla DEL.

Não há acaso quando todos os caminhos convergem para o mesmo ponto em nome da arte; assim como não há fronteiras quando a literatura serve de passaporte para transcender os mais longínquos lugares que só a arte pode indicar. Meus momentos de epifania que fazem eu filosofar está ligada diretamente a minha melancolia. Pois, daí, divido-me e, aos poucos vou me reconstruindo e ‘faxinando’ os montes do passado deixados de lado e guardados no mais profundo baú das memórias. Música que me tira deste mundo, leva para os mais aguçados e instigantes pensamentos. É o que entorpece meus sentidos, é o que desperta minha raiva ou simplesmente me abraça. É o que, quando me calo, fala por mim. Sou eu. É o que me faz suportar o nada e, ao mesmo tempo, tudo.

A vida com (meu) S...

Aprendi que com S posso escrever Sabedoria,

Sonhador, Sorrisos, Sensato, Sagaz,
Super, Silencioso, Seguro, Sábio,
Sereno, Saudável, São, Sorrateiro,
Sensível, Sensitivo, Serelepe,

Simulacro, Simulador,
Sintonia, Sinfonia,
Sem-querer,

Sem tuas escoras,
Sem o teu domínio,
Sem tuas esporas,

Sem o teu fantasma,
Sem tua moldura,
Sem o teu fascínio,


Começar de novo ....
Aprendi a curtir: muita sombra e água fresca.


Também, aprendi a escrever:
solidão, ilusão, medo,
criação, tentação, dedicação,
Falação, decoração, meditação,
Perdão, imaginação, coração

Tantas, coisas tantas
Tantas coisas, tantas

Aprendi
Sobre ser sempre, Sergio Luiz!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Intensa Verdade

Eu sei que vou te esquecer,
Por mais que eu negue isso
Eu sei que você queria isso
Por uma despedida amigável
Eu sei que, um dia, acabaria assim
Um dia,
o tempo se encarregaria de ocultar o próprio tempo
o momento se tornar em vão
Mas, ainda assim,
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida.

Em cada despedida
Em cada travessa
Em cada cruzamento
Em cada esquina

Você não me ensinou a te esquecer
O seu convívio foi constante
o toque foi intenso
Procuro não pensar mas sempre sonho com você
Seu beijo, seu perfume, sua pele a me tocar
Prefiro não lembrar mas não consigo esquecer
Aquele seu sorriso e tanto amor no seu olhar
Você só me ensinou a te querer
Desejar-te cada vez mais
Sonhar além do horizonte
entre o real e o surreal
E te querendo
eu vou tentando te encontrar

Em cada despedida
Em cada travessa
Em cada cruzamento
Em cada esquina

Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
seus beijos, seus desejos,
Libertinagem
Perdido no vazio de outros passos
Perdido na moléstia desse epiceno
Dessa devassidão
Do abismo em que você se retirou
E me atirou
e me deixou aqui sozinho

O amor deixa marcas que não dá pra apagar
Nesse desespero em que me vejo
Cabeça doida, coração na mão
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo...

Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra para te dizer
Desesperadamente, agora, que faço eu da vida sem você?

E cada verso meu será
Prá te dizer
o que sempre quis dizer
que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida.

Em cada despedida
Em cada travessa
Em cada cruzamento
Em cada esquina

Eu sei que haverá um ponto
Um momento
em que dois destinos sempre se (re)encontram.
Eu sei que chorei
A cada tua ausência
eu vou chorar
Porém, cada volta
cada retorno teu há de apagar
O que esta ausência
esta falta tua me causou
e me causa
A alma do homem é fraca
O corpo está frio
os sentimentos adormecidos
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
a queda de outros braços adormecidos em meu pescoço
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Rabisco riscos!


Rir é correr risco de parecer tolo. Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Estender a mão é correr o risco de se envolver. Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu. Sua identidade. Defender seus sonhos e ideais, diante da multidão, é correr o risco de perder as pessoas. Amar é correr o risco de não ser correspondido. Viver é correr o risco de morrer. Confiar é correr o risco de se decepcionar. Conseguir é correr o risco de fracassar. Mas, os riscos devem ser corridos, tomados, apurados, contabilizados. Porque o maior perigo é não arriscar. Possuir nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco. Não fazem nada, não têm nada e são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é livre. Ou, um aventureiro.

Às vezes, um sorriso falso pode ser um consolo para nós mesmos. Às vezes, não damos valor aos amigos, aos familiares, as pessoas que amamos, mas quando perdemos, vemos o quanto eles fazem falta. Saudade. Ah! A saudade.
Ela dói tanto que às vezes queremos tirar alguém dos nossos pensamentos para ficarmos bem. A solidão pode ser o melhor remédio ou a pior droga, depende do momento. Chorar é como tirar um peso da consciência com as mãos. É criar nos olhos o suor de uma emoção passada e que, talvez, há esperanças de acontecer novamente. Ou, pode nos render simplesmente mais dor de cabeça ainda.
Bom mesmo é amar, sorrir, cantar, viver como se não houvesse o amanhã. É andar por aí de cabeça erguida, ser você mesmo. Amar os amigos, fazê-los bem, para que você se sinta bem também.


Afinal, viver é correr riscos, sem ter a noção de que estes estão ali, a espreita. Porque se preocupar é correr o risco de não tentar.

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Desapego


Soltar.

Entregar. Deixar ir. Deixar partir.


Viajante.
Nômade. Turista.


Fluir.
Viver no presente.
Sem o peso do passado,
Sem expectativas para o futuro.



Saber de nossa finitude.
Saber que somos passageiros.



Sem posses.
Sem medos.
Sem culpas.


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

À Justiça do Povo


A Justiça está inovando a realidade e, os sonhos.
 
Haja visto e comentado pelos meios transmissores de notícias e informações, a peripécia desenrolada do “famoso” caso Mensalão vem ocorrendo e sendo comentado por tods. Não pude deixar essa oportunidade passar e comentar a respeito. Não era de se esperar que qualquer absolvição fosse feita, mas o povo – injustiçado, em geral – ficou boquiaberto ao ver seus representantes – governantes, democraticamente, eleitos (?) – serem cassados, condenados e, futuramente, presos (assim esperamos!) por uma Constituição, que, apesar de jovem, vinha sendo traduzida ou erroneamente proferida a favor do igualmente a ela formulada.

Nunca, até então, fora visto um caso de um político condenado por corrupção, por roubar dinheiro público. O que já fora visto foi a cassação do mandato, mudança de partido, saída do gabinete ou do cargo público para, justamente, não terem seus direitos retidos ou retirados. Afinal, estamos falando dos injustiçados do “colarinho branco” e todos os seus derivados. Há de ser relevante o que postei no poste anterior a este sobre o princípio da isonomia.

A surpresa permanece quando nenhum condenado terá cela especial. Isso será para todos os condenados. Todos os “mensaleiros” (já criaram profissão para isso!) condenados vão mesmo ver o “sol nascer quadrado”, em cela comum! As mesmas frequentadas e utilizadas por assaltantes, ladrões, homicidas, estupradores, criminosos de todas as espécies e tipos; na cadeia, finalmente, deverão se igualar aos demais mortais.

Não é exagerada a pena aos corruptos. Ainda é pouco se comparada e levada em conta o tamanho do rombo nos cofres públicos. Afinal, graças à corrupção, escolas não funcionam, a segurança é precária, as estradas andam mal, a saúde padece, o corrupto passaria de simples larápio a homicida indireto. Se roubou verba da saúde, muitos morreram sem leitos, sem atendimento qualificado; se a verba é da infraestrutura, milhares teriam sido vítimas de estradas sem manutenção, sem placas, sem recapeamento, sem pavimentação; se o dinheiro foi da segurança pública, vai faltar policiamento e morreremos e seremos vítimas da violência generalizada. Corrupto, não se enganem, é o mal-feitor geral da nação. Dos males, é o pior.

A injustiça, num lugar qualquer, é uma ameaça à justiça em todo o lugar




A famosa premissa da isonomia ou princípio da igualdade, defendida e requerida pela Constituição, de que “todos são iguais perante a lei”, independentemente da riqueza ou dos prestígios conseguidos ou herdados por alguém ou grupo social determinado, era uma utopia, pois, as efetivas desigualdades, de várias categorias, existentes e eventualmente estabelecidas por lei, entre os vários seres humanos e no seu convívio, desafiam a inteligência dos juristas a determinar os conceitos de "iguais" e "iguais perante a lei". 


Cabe aqui, ainda, a lembrança de que o significado válido dos princípios é variável no tempo e espaço, histórica e culturalmente. E como bem ensina David Schnaid, o hermeneuta deverá interpretar a norma, ou seja, primeiro, ele deverá penetrar no íntimo da norma visando a sua exata compreensão, para dela, extrair todas suas virtualidades e depois revelar o sentido apropriado para a vida real, e conducente a uma decisão reta. A interpretação da norma nos adverte de que "deve ser o Direito interpretado inteligentemente, não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreve inconveniências, vá a ter conclusões inconsistentes ou impossíveis". 


No Direito, tal princípio assumiria um caráter de dupla aplicação, qual seja: uma teórica, com a finalidade de repulsar privilégios injustificados; e outra prática, ajudando na diminuição dos efeitos decorrentes das desigualdades evidenciadas diante do caso concreto. Assim, tal princípio constitucional se constitui na ponte entre o Direito e a realidade que lhe é subjacente. 


A instauração da igualdade material é um princípio programático, contido em nosso Direito Constitucional, o qual se manifesta através de numerosas normas constitucionais positivas, que em princípio, são dotadas de todas as suas características formais. 


Observa-se que a Constituição Federal vigente, em vários enunciados, preconiza o nivelamento das desigualdades materiais, entretanto, a observação das desigualdades socioeconômicas, no mundo fático, nos mostram que o princípio constitucional e as normas, que procuram diminuir as desigualdades materiais, são impunemente desrespeitadas. Portanto, os preceitos que visam estabelecer a igualdade material, primam pela inefetividade ou ineficácia; e como exemplo, podemos citar as leis que, nos últimos anos, têm estipulado os salários mínimos, que desrespeitam o preceituado no art. 7º, IV da CF/88. 


De acordo com o professor Ingo Wolfgang Sarlet, o princípio da igualdade "encontra-se diretamente ancorado na dignidade da pessoa humana, não sendo por outro motivo que a Declaração Universal da ONU consagrou que todos os seres humanos são iguais em dignidade e direitos. Assim, constitui pressuposto essencial para o respeito da dignidade da pessoa humana a garantia da isonomia de todos os seres humanos, que, portanto, não podem ser submetidos a tratamento discriminatório e arbitrário, razão pela qual não podem ser toleradas a escravidão, a discriminação racial, perseguições por motivo de religião, sexo, enfim, toda e qualquer ofensa ao princípio isonômico na sua dupla dimensão formal e material". 


A conceituação de tal princípio tem conteúdo historicamente variável. A doutrina tradicional, sintetizando, preconizou que o conteúdo de tal preceito seria o de dar tratamento diverso para pessoas desiguais; entretanto, não precisou ou esclareceu em que circunstâncias e em que medida seria constitucionalmente admissível que a lei desigualasse. Para o ilustre autor espanhol Fernando Rey Martinez, "a ideia de igualdade serve para determinar, razoavelmente e não arbitrariamente, que grau de desigualdade jurídica de trato entre dois ou mais sujeitos é tolerável. A igualdade é um critério que mede o grau de desigualdade juridicamente admissível". 


Acredita-se que a doutrina tradicional tem um posicionamento que é praticamente igual a máxima de Aristóteles, para o qual o princípio da igualdade consistiria em "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam". 


Essa posição certamente deveria de ter como princípio norteador da sua hermenêutica a instauração de uma igualdade material, pois, caso contrário, não teria conteúdo sustentável. 


Vale, aqui, trazer a colação a frase de João Mangabeira, segundo o qual "a igualdade perante a lei não basta para resolver as contradições criadas pela produção capitalista. O essencial é igual oportunidade para a consecução dos objetivos da pessoa humana. E para igual oportunidade é preciso igual condição. Igual oportunidade e igual condição entre homens desiguais pela capacidade pessoal de ação e direção. Porque a igualdade social não importa nem pressupõe um nivelamento entre homens naturalmente desiguais. O que Lea estabelece é a supressão das desigualdades artificiais criadas pelos privilégios da riqueza, numa sociedade em que o trabalho é social, e consequentemente social a produção, mas o lucro é individual e pertence exclusivamente a alguns". 


Então, uma forma correta de se aplicar a igualdade seria tomar por ponto de partida a desigualdade. Depois, diante da desigualdade, entre os destinatários da norma, impor-se-ia promover uma certa igualização. 


O ilustre Kelsen já lecionava de que "a igualdade dos indivíduos sujeitos a ordem pública, garantida pela Constituição, não significa que aqueles devem ser tratados por forma igual nas normas legisladas com fundamento na Constituição, especialmente nas leis. Não pode ser uma tal igualdade aquela que se tem em vista, pois seria absurdo impor os mesmos deveres e conferir os mesmos direitos a todos os indivíduos sem fazer quaisquer distinções, por exemplo, entre crianças e adultos, sãos de espírito e doentes mentais, homens e mulheres". 


Contudo, Kelsen não deixou explicitado a possibilidade de que o princípio da igualdade se aplicasse essencialmente no momento da elaboração da lei, apresentando-se como algo lógico e coerente. Entretanto, a sua colocação nospermite ver que é absurdo supor que seja inconstitucionalmente vedado a lei discriminar. Pois, "as leis nada mais fazem senão discriminar". E, como o próprio monumento da Justiça nos mostra: a comodidade é como a cegueira e anemia do sucesso, nos impedem de visualizar o futuro e nos retira a força de prosperar. 


Fonte: Revista jurídica, Marcelo da Silva.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Desejar-te!


No brilho dos seus olhos, eu não quero tudo de uma vez, eu só tenho um simples desejo.


É fazer, é sentir, é chorar, é sorrir com você.
Pra viver e pra ver não é preciso muito atenção, a lição está em cada gesto; está no mar, está no ar.



É muito mais que falar, é muito mais que sentir.

É muito mais que brigar; é muito mais que dar prazer.


Amar de verdade é morrer de saudade ao sentir o perfume.
Ao sentir sua falta é criar momentos, imaginar o futuro, desesperar-se com o silêncio e se amendrontar com a posse. Ao sentir sua falta é saber controlar o ciúme.



"E esta ânsia de viver que nada acalma
é a chama da tua alma a esbrasear
as apagadas cinzas da minha alma"
(Florbela Espanca).


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"Les Amants" e o prazer de amar


Caso é o que aconteceu, acontece e o que pode acontecer.
Descaso não é o cuidado, não é a dedicação, não é o interesse, não é a precaução.

 

Caso é a conjugação do verbo casar na primeira pessoa do TEMPO PRESENTE do modo que exprime e expressa um fato, uma certeza.
Descaso é desleixo, menosprezo, falta de atenções.

 

Caso é ato, sucesso, estimação, apreço.
Descaso é incúria, falta de aplicação, falta de diligência.

 

Caso é variação de substantivos e adjetivos, é estar envolvido, é zelo, com relação ao seu emprego na proposição de estar junto.
Descaso é um gerúndio impulsivo, é quando tudo acabou e não houve sobra, ou até houve, mas não aquela que queria.

 

Caso é a estimação de uma vida, conjuntura de sonhos, o futuro do “dois” se tornar “um”, algo para sentir o que começo de amar.
Descaso é pressa, algo espontâneo, com fim já predeterminado, algo para só sentir prazer.

 

Caso é recíproco, difícil de achar, é a probabilidade, é o SE.
Descaso é algo forçado, desrespeito com o outro.

 

Caso é “caso de força maior”, “fazer caso de”, “em todo o caso”.
Descaso é ímpar, é o promíscuo, é descombinar, é desunir, é apostar.

 

Caso é sempre.
Descaso é às vezes e, talvez, nunca.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Onde devaneios não têm vez...


No final de semana passado, nos dias 03 e 04 de novembro de 2012, pude presenciar e conviver com histórias ímpares a normalidade de minha vida. Conviver com pessoas que, dia após dia, tem um grande desafio: aceitar seus limites sem jamais desacreditar na sua capacidade de superação.

Como chefe de sala, tive que ajeitar a sala para a realização de uma prova que o governo sancionou para a entrada de estudantes em instituições de ensino superior  federal. Minha sala, 1D, localizada em uma escola no bairro Ribeirânea, em Ribeirão Preto/SP, era composta por onze candidatos. Candidatos que fariam a prova em dois dias. Confiantes de seu conhecimento, seriam testados a fim de tomarem um posto no futuro promissor que auferiram em vidas passadas, seja por melhores condições, seja por colocações melhores, seja, apenas, para mudar a sua realidade. A tal sala era distante das demais, localizada no primeiro piso, logo após um anfiteatro. Onze lugares apenas entrariam na disputa por vagas em cursos distintos. Eram especiais, no sentido de apresentarem por direito mais uma hora, tempo adicional, para realizar a prova. A sala apresentava candidatos que possuíam dificuldades motoras, neurológicos, psicológicos e pedagógicos. Às 13 horas, começava a prova.

Casos particulares. Como ser imparcial com esses casos? A regra falava que não era para manter contato, mas para ser educado e apresentar polidez. Ímpossível e redundante. Uma vez próximo com outro ser humano, você já tem um contato, não diria íntimo, mas a convivência por dois dias bastaria que mantivéssemos uma concordância de amizade e respeito. De uma forma ou de outra, acabei me envolvendo: decorei e acabei conhecendo cada nome e cada estória por detrás de uma lista de nomes grandes, estranhos e criativos. Que incrível!

Uma senhora, com pouco mais de cinquenta graças alcançadas, já fora, praticamente, advogada, servidora pública, técnica em enfermagem e, naqueles dias, estava tentando pedagogia. O que mais ela queria? E a cada caminhada, observava sua expressão de domínio na hora de realizar a prova. Sorria. Pensava. Marcava. Ela me parou duas vezes, não foi para perguntar, mas para oferecer. Diante de sua sacola, cheia de guloseimas e alimentos para saciar sua fome de conhecimento, ela me ofereceu um pouco. Recusei. Logo após, solicitou para que eu oferecesse a uma “adversária”, logo ali, dentro da sala, pois, esta não havia almoçado. Isso mexeu comigo, mexeu meus sentimentos. Deveria quebrar a regra? Ser imparcial? Oferecer ajuda? Ser racional ao invés de ser movido pela emoção? Se ambas estivessem concorrendo ao mesmo curso ou a mesma instituição, ambas ganhariam o primeiro lugar. Guerreiras. Lutam sempre e nunca desistem.



Um conto dizia que os Guerreiros não se ajudam, não tem compaixão por ninguém. Para ele, ter compaixão significa que você desejava que o outro fosse como você, e você o ajuda só para isso. A coisa mais difícil do mundo é um Guerreiro deixar os outros em paz. A impecabilidade do Guerreiro é deixar os outros como são, e apoiá-los no que forem. Isso significa, naturalmente, que você confia que, também, eles sejam Guerreiros impecáveis.

 
 
Releguei a regra. Não é de minha natureza, mas as mesmas emoções que me movem, formam a minha identidade, o meu eu. Tento trabalhar conjuntamente a mente e o coração, mesmo que um saia ferido e o outro vitorioso, no final, o resultado é que o mérito não está na ação e sim no hábito.

A outra levou um susto ao me ver oferecendo uma sacola de biscoitos. Não pensou duas vezes. Além disso, teve a audácia de pegar mais de um. Sorri. Imaginava o quanto seria difícil pensar com fome ou ter fome e fazer força para pensar. Sorri novamente e disse: “querendo mais é só me falar”. Um “muito obrigado” já foi o suficiente para ganhar meu dia.

Em caminhadas e voltas dentro da sala, percebia o esforço e a calma que faziam as resoluções da prova. Ao lado da mesa do “professor”, estava um menino, com seus 17 anos, suas movimentações eram lentas, devagar. Sua fala baixa e lenta. Desesperei-me por ele a fim de me oferecer para fazer as coisas para ele, quem sabe, passar as respostas para o gabarito. No entanto, me contive. Esperei. Às vezes, ele apontava e, por súbito, eu interpretava seus pensamentos e desejos e os realizava. Não trouxera a caneta esferográfica preta solicitada no edital. Peguei e ofereci a minha, a qual fora emprestada pela coordenadora. Estava sempre atento a qualquer barulho, a qualquer movimentação. Pediu para encher sua garrafa de água duas vezes. E surpreendeu a mim e ao fiscal ajudante que me acompanhava. Em seu tempo, executou toda a prova e não esperou que o tempo fosse mais rápido, terminou antes da duração acabar.

Tantas similaridades, ao mesmo tempo, tantas diferenças. Eu estava sempre atento a qualquer barulho, ruído, movimentação. Perguntaram-me se a redação exigia título, confirmei dissimuladamente. Sempre pedia para assinarem as tantas folhas “burocráticas” da confirmação de presença. A prova acabara às 18 horas e 30 minutos, no domingo. O espaço, antes tomado por ricas estórias de superação, esforço e sensatez, estava novamente vazio, quieto, desnudo, voltara ser frio e insensível às adversidades de quem sempre o compõe.

Apesar de ser contra essa ditadura de realizar prova para testar algo imensurável e inigualável, fui parte do sistema das “provas maçantes”; ainda, pecamos no sentido de matutar e ensinar padrões passados e antiquados, sem valor e, às vezes, paradoxal, frente às constantes inovações e mudanças de paradigmas em um mundo “globalizado”.
 
 
 

Contudo, dessa vez, não pensei no complexo. Só pensava como tudo voltaria ao que era antes. Normalidade? Sem mais preocupações por causa de uma prova, mas, novas ou as mesmas preocupações diante da vida. A vida de cada uma daquelas pessoas mudaria, ontem, hoje, ou amanhã. Não importa o período do tempo. Importa que elas tentaram e fizeram algo para mudar. Talvez, (re)começaram uma nova jornada. O fato não está no resultado que alcançarão, porém, sim, na atitude de darem um primeiro passo. Simplesmente, tentar. Tentaram. É isso que me move, lhe(s) move(m), move o mundo. A superação é sentida pela força interior. As perguntas movem sonhos, os sonhos movem caminhos.

Só que há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.

 

 

“Todos os dias eu morro. E junto comigo morrem também os meus esforços, minhas tentativas, meus fracassos e até as minhas vitórias. Felicidade é saber que em cada amanhecer eu torno a viver, e sempre posso ser melhor do que eu fui antes.”

(Augusto dos Anjos)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Quanto vale uma verdade?



 
Hoje, muitos investidores pagariam muito para obter uma informação verdadeira das próximas metas e tomadas de decisões de empresas as quais ele está investindo. Muito administradores não pensariam muito para ter uma "bola de cristal" para terem certeza de suas ações e, de certa forma, auferirem um cargo superior ao que estão hoje com tomadas de decisão certas.
 
Apesar de ser privilégio de alguns obterem tais verdades, nesse ramo, é crime e acarreta punição diante de leis específicas caso comprovado envolvimento do atuante em informações privilegiadas.
 
Tudo é tão importante e sensível quanto a verdade é dita e sentida. Digo sentida, porque a verdade que fere é pior que a mentira que consola.
E, afinal, o que é uma mentira?
 
É só a verdade mascarada.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Desabafo Destapado


 
Pensar que quando a vida está calma e tranquila, algo útil e fútil lhe tira da monotonia, atira fora de sua zona de conforto, pega-lhe desprevenido, sujeita-o ao incômodo, inconforto, incomum...

 

Mesmo que seja por um momento, imagino um dia em que todas as pessoas tivessem o direito de ser feliz, para ter a oportunidade de sentir o que realmente desejam e acreditar que sonhos não são bobagens. Às vezes, você percebe que as aparências enganam e você pode sofrer muito com isso.

 

A vida é feita de surpresas onde sua missão é viver, alguns momentos podem durar tão pouco e ficar na sua memória por muito tempo, algumas pessoas podem fazer pouca parte da sua vida e ser considerada pra sempre. Algo pouco, que dura muito, intensamente. Mas, faz jus às “linhas tortas e distorcidas” em que há encontros e desencontros, em que a vida a dois e paralela é um horizonte míope e estrábico, difícil de enxergar e de auferir em um mundo tão despreparado, dissimulado e sem compromissos...

 

O tempo é uma coisa que não permite voltar para trás, então só me arrependo do que não fiz, aproveito cada segundinho da mísera vida. Simples, singela. Sem apegos e sem preconceitos. Para ficar guardado eternamente em minha memória. Um baú grande e volumoso que junta poeira e pó. Pó que o vento-tempo tem mania de assoprar e deixar cair. Ou em espaços do esquecimento, ou em espaços de um móvel, algo móvel. Destino. E fazer se perder e espairecer. Distrair-se naquilo que a carne se satisfaz. Naquilo prazeroso. Naquilo fugaz e não tem jeito de sentir ou deixar preso nos braços.

 

Jogo de prazer, sedução, tristezas e felicidades. Sex is the game, love is the name. Forget the name and Play the game. Jogo o jogo da vida. Se for preciso, deixarei de ser emotivo, para ser racional. Ou, então, deixarei de ser racional, para ser emotivo.

 

Com o tempo, aprendi que errar é humano, que todos nós erramos e que, às vezes, mesmo certos, temos que abaixar a cabeça e pedir desculpa; e que, às vezes, é preciso ouvir o que as pessoas têm a dizer. Com o tempo, aprendi a jogar nessa vida, aprendemos que a cada tombo é preciso levantar de cabeça erguida. Aprendemos que nem todas as manhas são de manhã, e nem as manhãs são de sol, e que nem sempre tudo na vida é como nós queremos ou pedimos.

 

Com o tempo, conheci pessoas, e descobri sentimentos; com o tempo, aprendi a dar valor a cada segundo que tenho, pois aprendi que em um segundo tudo pode mudar. A vida passa e descobri quem são meus amigos verdadeiros; e, às vezes, que pessoas desconhecidas te valorizam mais do que as que estão todos os dias com você. Com o tempo, errei, mas, também, acertei e, mais cedo ou mais tarde, aprendi que tenho que aceitar cada um como é. E que ninguém é de ninguém; ninguém é melhor do que ninguém pelo menos nessa vida.
 
 

Com o tempo, a própria vida vai ensinar como viver. O simples se torna essencial. O verdadeiro se torna eloquente. Gradativamente, em seu tic-tac monótono, sem parar.

O Par ímpar


A vida, às vezes, é estúpida. É uma senhora que manda e desmanda. É chata, enfadonha. Desagradável, tola. Causa-lhe problemas e compromissos. Deixa-o tonto, preocupado, inútil, despreparado, triste e com ânsias. Ânsia de chorar, de rir, de gritar, de enlouquecer, de falar palavrões e palavras belas ao mesmo tempo.

 

A vida é casada com o Tempo. Senhor trabalhador, fino, astuto. Despreocupado e ditador das verdade. Lúcido e consciente. Sagaz. Misterioso. Sabe de tudo, conhece tudo.

 
 
 
A vida é bucólica. É uma criança que a deixa por levar. Que diz respeito à natureza e às coisas naturais. É ingênua e inconstante. É singela, pura.

 



O tempo é inocente. É uma criança de tenra idade. Não tem noção das ações. Não é ato doloso, é ato culposo. É inofensivo, mesmo que, às vezes, é denotado grosso e sarcástico. É ágil e rápido. É salvador e destruidor.

 
 
 

A vida é mestiça. O tempo é provinciano. É o bem e o mal. É o bom e o mau. É o conformismo e o inovador. É o medo e a certeza. É referencial ou ponto de referência. É reflexão e ação. É ato contínuo ou retardado. É erro ou acerto. É isso ou aquilo. É o sim e o não. É o paradoxo do todo e do mundo.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

.Esconde-esconde.





...um autor tem sentimentos para escrever...

...pode ocorrer inumeros acontecimentos que faz com ele escreva, não necessariamente só o amor...

...a raiva e o ódio podem estar mascarados, além disso, um autor não revela suas fontes, aliás,

o autor é o mistério profundo mais complexo que conheço.

Até me achar eu desconfio que esteja escondido...

Estou repetindo devagar...

Sabe aquele relacionamento que não anda às "mil maravilhas", muito menos, não sei se posso chamar de relacionamento, porque, nisto, há reciprocidade, cumplicidade e companheirismo. Entre ser deixado de lado e jogado às moscas, para mim, não tem mais diferença.

 
Eu sei que sou dramático, neurótico, não louco, insatisfeito, carente. Irão me chamar de louco, neurótico, talvez, eloqüente. O mundo é cheio de opções sem ele/ela, mas todas elas me cheiram azedas e murchas demais.
Eu continuo só, quando quero escrever uma vida com a tal pessoa, mas ela talvez deteste meus caminhos anotados e minhas regras. Não sou Deus para escrever certo por linhas tortas, mas a grafia e o dom de escrever se igualam a tamanha perfeição. E eu detesto seu sono e sua ausência. Eu detesto seu riso alto e forçado pisoteando o meu mundo de sombras. Eu sou só, porque enquanto eu pensava tudo isso, ela impunha aos quatro ventos, querendo parecer muito forte e macho/machoa para seu grupinho muito forte, que poderia simplesmente abaixar meu som ou mudar de canal, como um programa chato qualquer que passa na sua tv.
 
 
 
Eu, hoje, me passei de Anônimo para, pelo menos, chamar a sua atenção. Coloquei um óculos, uma barba. A aparência desiforme e confusa a minha natureza. Consegui. Prendi sua atenção e conversamos. O mistério ainda continua, porque ela não disse o que estava sentindo ou o sufocando, talvez, não se abre com "estranhos". Não é transparente como se fala. Ou melhor, ela se abre com "estranhos" e dá atenção mais a eles e/ou o que escrevem do que um simples "oi" para mim.
 


Me olhei no espelho bem profundamente para enxergar minhas raízes e ganhar força, chorei algumas vezes, fiquei sentado no chão do banheiro, para ver se meu corpo esquentava um pouco ou porque estava mesmo me sentindo um lixo.


 
O ar-condicionado hoje está insuportável, mas eu não acho que mude alguma coisa desligá-lo. Frio. É assim que deve ficar, é assim que deve ser. Estar sozinho não muda nada, conheço bem esse estado e, de verdade, sei lidar até melhor com ele.


O que me entristece, é ter visto nela talvez o fim de uma história contada sempre com a mesma intensidade individual. Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga para a minha solidão. Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Por uma avenca partida...

Caro leitor(a),
 
Venho, por meio deste, aqui escrever um lembrete, ou textinho talvez, sobre uma conversa que tivemos ontem. Talvez, há uma semana. Um mês. Alguns anos. Quem sabe? Somente, nós.
Só sei que palavras vão e ficam. Logo ali. Paradas. Podem ser jogadas ao vento, quem as ouve, absorve, fagocita, esquece.
Até que alguém as lê e, por um súbito de saudade ou lembrança, elas revivem, ganham vida, mas não a mesma intensidade. Por lá, fiquei pensando em ti e na situação.
Contudo, quero antes reforçar algumas coisas. "Eu espero que não se importe, de eu ter colocado em palavras o quanto a vida é/está sendo maravilhosa agora que você está no mundo...". O quanto a vida será diferente se você fizer pouco caso. Descaso ou descuido.

 
Talvez, seja sim piegas, mas, como já havia lhe falado, você não imagina como eu estou afim de você. Assim como o quão lindo(a) você é. São palavras sinceras e firmes de minha escolha. Sempre fui sensato com você. Sempre serei. Já, dizia Rubem Alvez, "ser transparente é ser vulnerável; e quem é vulnerável fica fraco". Não escondia ou escondi nada, ainda mantenho esse comportamento, tudo o que faço ou farei por aqui, eu o informo, seja por e-mail, por telefonema, por facebook, por SMS (ainda não sei mandar sinal de fumaça ou a arte da criptografia, mas eu sabendo, informar-lhe-ei!), seja por alguma forma de manter contato e sentir que você está próximo e presente.


 
Não deixo de negar que estou fraco, porque, simplesmente, I'm falling for you. Tudo o que planejo/tenho planejado é pensando em você... entenda: se eu quisesse, não sairia do seu lado, ficaria aí, passando cada minuto com você. "Enchendo seu saco" . Fazendo você se irritar ou se integrar. Entregar-se. Vivendo o que estávamos vivendo, que estava perfeito...
Porém, temos que evoluir profissionalmente, crescer nos objetivos; um dia, teríamos que pensar na distância, pois, você estaria viajando para outro país, ou quem sabe, para outra cidade, ou para outro espaço. Ainda, por mais distante que seja/esteja, a distância só tende a aumentar a cada momento de ausência e descuido. Ou seja, a distância de uma certa forma estava em nossos planos. Saber lidar com isso é o diferencial de nós conseguirmos manter nosso relacionamento firme, forte e estável.


Realmente, você não tem noção da emoção/sentimento que sinto por você. Pensar em nós dois tem sido minha atividade diária. Saber de suas ações, atividades, emoções, pensamentos, é um meio de estar envolvido com você, estar próximo, mesmo que a distância não permita. Mas, quem disse que para estarmos juntos, precisa estar perto? Basta te-lo preso no coração.
Eu disse, e repito, que para ter um bom relacionamento, ambos teriam quer ser cúmplices, fiéis e honestos um com o outro. Pensaremos do momento em que afirmamos um namoro (ou relacionamento sério) em frente. Um futuro só para gente. Cada um teve seu passado, seus problemas que, assim espero, tenham sido resolvidos e esquecidos. O que aconteceu, passou. O que eu mantenho hoje: é estar com você. Durante todo esse tempo, você do nada se transformou em tudo para mim.


Ter conseguido sua confiança não foi fácil. E não pretendo faze-la deteriorar. Cada momento, para mim, foi único. E, pretendo repetir vários outros e torna-los inesquecíveis. O nosso relacionamento foi muito especial para mim. Tudo está valendo a pena e estou fazendo valer a pena. Você já reparou que temos gostos diversos e distintos. Você gosta de rock, e eu de pop. Você, tem sintonia com a música; eu, um 'taquara' rachado. Você, faz a arte acontecer; eu, simpatizo e aprecio. Você, gosta do Macunaíma; eu, gosto do Ayrton Senna.
Nosso relacionamento se intensificou a partir de uma amizade ingênua e carente. Por mim, tende a crescer e amadurecer. Dos pequenos problemas, temos que estar preparados, assim, não torna-los uma 'tempestade'. A partir disso, os grandes problemas serão só pequenos. Por mais que você não seja um româtico assumido, eu sou. Assumo. Sou doido. Minha cabeça tem "caraminholas", sou criativo e imagino coisas demais. E tenho que lidar com isso. Tenho que deixar você ter seus momentos e anseios. Sua saudade por mim. Alguma consideração. Porque, como já lhe falei, o seu silêncio me atormenta e me desespera. Para mim, um só "oi, estou com saudades!" já é suficiente...


Saber sobre o passado de cada um, nesse momento, não ajuda. Aliás, machuca sim, não nego. Mas, releve como uma história do passado, igual como eu relevei e relevo. Afinal, "águas passadas não movem mais moinhos". Assim, como eu já disse, mantermos transparentes, para crescermos juntos. Você é bonito(a), elogios não faltarão. Contudo, já tomei minha decisão: eu quero (é) você!


Não gosto, e você sabe disso, de traição. Sofri muito com isso. Penso se não quero esse mal para mim, não devo te-lo para com os outros. Repito: cumplicidade, honestidade e fidelidade são o tripé de uma relação 'perfeita'. Apesar de que nem o único Perfeito conseguiu fazer com que todos gostassem dele.

 
Espero que entenda. Como expliquei acima, não transforme "uma gota em uma grande onda".
Bom, por enquanto, é isso. Não sei como isso será relevante, como você absorverá. Entretanto, "ser profundamente amado por alguém nos dá força; amar alguém profundamente nos dá coragem" (Lao-Tsé).
"Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor não ter razão..." (Lulu Santos)
 
"Eu tô carente desse teu abraço
Desse teu amor que me deixa leve
Eu tô carente desses olhos negros
Desse teu sorriso branco feito neve
Eu tô carente desse olhar que mata
Dessa boca quente, revirando tudo
Tô com saudade dessa cara linda
Me Pedindo fica só mais um segundo " (Paula Fernandes)



Te adoro muito. Ou simplesmente, te amodoro.

sábado, 6 de outubro de 2012

Você faz toda diferença!

Um dia, elogiaram-me pelas coisas que escrevia.



   Perguntaram sobre o que escrevia.
Respondi: o mundo apresenta os fatos, só devemos explicar os fenômenos e entendê-los.



 
           Perguntaram de onde eu tirava as coisas que escrevia.
Respondi: não é preciso inspiração para escrever, não importa se você é bom ou não com palavras, ou se já tem um público ou não para lhe seguir ou ler suas estórias e peripécias. Você tem que escrever, a única razão que terá de fazer: você é único para fazer isso!





                     Perguntaram o por quê escrevia.
Respondi: o mundo ainda é preconceituoso; não se pode vestir-se como você quer, ou falar o que pensa, ou ser o que é; as palavras são quietas até alguém lê-las, até sua força ecoar pelos ambientes e mentes das pessoas, até alguém falar alto; até as palavras terem vidas próprias e criarem "ondas".




                                        Perguntaram como eu escrevia.

Eu anestesiado pelo momento, refleti e disse: com sentimentos e com o coração.